Global Forum - Fronteiras da saúde

Abertura com agenda política


Global Forum Fronteiras da Saúde abre com agenda política 


Com as boas vindas de Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, e da secretária de relações federativas do Rio Grande do Sul, Ana Amélia Lemos, o Global Forum abriu as discussões de hoje trazendo à tona a necessidade de uma agenda política e propositiva para saúde do Brasil, com uma boa dose de ousadia. 
Também fez parte da abertura, representando o senador Izalci Lucas do Distrito Federal, o chefe de gabinete Paulo Socha, que destacou a importância da educação para alcançar um movimento consistente também na saúde. 
O primeiro painel “Sistema público e privado em países desenvolvidos e em desenvolvimento: a saúde na quarta revolução industrial” começou com o moderador Marcelo Caldeira Pedroso, coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos no setor da saúde da FEA/USP, que vai coordenar o relatório de recomendações a ser criado dentro dos próximos seis meses, a partir dessa primeira iniciativa. Pedroso iniciou questionando se seria real a afirmação de que a saúde está vivendo uma quarta revolução industrial.  
O primeiro convidado, o economista Edson Araujo, do Banco Mundial, respondeu que “estamos e não nessa revolução”, pois por um lado, usamos bastante a tecnologia com big data e uso de algoritmos, mas por outro, o acesso não é igualitário. E esse acesso também é um desafio em países desenvolvidos, como nos Estados Unidos, que é o país que mais faz uso das tecnologias em saúde, mas ainda mantém cerca de 15% da população sem acesso à saúde. Ressaltou ainda que a adoção de tecnologias no Brasil é mais complexa devido às características do sistema e da falta de definição de critérios claros sobre o que é sustentável em saúde pública. “É necessário ampliar a discussão da atuação conjunta, entre público e privado, para ofertar serviços de qualidade para a população”, afirmou. 
Para Nina Pinwill, diretora do NHS, as tecnologias como inteligência artificial e big data dão grande suporte aos serviços de saúde no Reino Unido, que é um tópico visto e pensado politicamente no país. “O NHS é como uma religião para nós”, destaca. Os desafios com o câncer, doenças cardiovasculares e saúde mental são oferecer equidade, a exemplo também do Brasil. É primordial que a população seja coparticipante do processo de inovação para que o Sistema se sustente e esse foco deve ser o de prover acesso e reduzir custos. Um exemplo da necessidade da inovação é o suprimento de medicamentos, onde gastam muito tempo pensando em formas disruptivas para atuar. 
Com a participação de François Uwinkindi, coordenador do Ruanda Biomedical Cancer, a discussão foi trazida também para a importância de envolver a população nas campanhas e estratégias. O foco em Ruanda passou paulatinamente da infecção por HIV para questões como os cânceres de mama e colo de útero (os mais prevalentes na 
África) e também a pneumonia, mortes por infecção, notadamente a tuberculose, e o diabetes. Para ele, o jeito de transformar o sistema é focar na prevenção, usando iniciativas diferentes para envolver a comunidade e promover a saúde. “Nosso exemplo é a vacinação contra HPV, que iniciou em 2011 e tem grande cobertura, e reduziu a incidência de câncer de colo de útero no país. E agora nossa meta é o rastreio dos casos, usando estratégias também de diagnóstico mais baratas e também a inteligência artificial”, complementa. Uma inovação interessante é o uso de drones para a distribuição de medicamentos para a população, já adotada em vários países da África e com bons resultados.