Dados do Trabalho

Título

Carcinoma papilar tireoidiano em um teratoma maduro: Relato de caso

Introdução

O teratoma maduro de ovário representa mais de 95% dos teratomas e cerca de 69% dos tumores de células germinativas. A transformação maligna é incomum, com risco estimado de 0,17% a 2%, sendo em carcinoma escamoso celular 80% das malignizações. Malignidades menos comuns incluem sarcomas, adenocarcinomas, melanomas malignos, carcinomas de células basais e os carcinomas de tireoide.

Objetivo

Descrever as características clínicas e laboratoriais de um caso incomum de carcinoma papilar de tireoide identificado em um teratoma maduro de ovário.

Casuística

Paciente, sexo feminino, 59 anos, em acompanhamento no ambulatório de oncologia por tumor de ovário benigno com transformação maligna incomum.

Método

Paciente com história de dor pélvica recorrente, apresentando no exame físico abdome doloroso à palpação superficial e profunda em região suprapúbica, sem sinais de irritação peritoneal. Apresentava colpocitológico do colo evidenciando lesão intraepitelial de alto grau e colposcopia com achados anormais grau 2. Foi identificada imagem nodular hipoecoica em região axial direita medindo 5,1 x 4,0 x 4,7 cm em seus maiores eixos, com 50,3 cm3 de volume na ultrassonografia transvaginal com hipótese diagnóstica de teratoma ovariano à direita, além de elevação de LDH e Ca 19-9,. A paciente foi submetida a excisão da zona de transformação e a ooforectomia e salpingectomia oportunística bilateral por videolaparoscopia. Em estudo anatomopatológico, foi evidenciado NIC 3 e teratoma maduro de ovário com transformação maligna somática representada por carcinoma papilar tireoidiano. Após diagnóstico neoplásico, foi indicada a ampliação cirúrgica através da histerectomia total com omentectomia infracólica e lavado peritoneal. O tumor foi classificado como estágio IA. A paciente evoluiu sem intercorrências no pós-operatório, tendo alta com seguimento ambulatorial.

Resultados

A transformação maligna em teratoma maduro de ovário é um evento raro e ocorre em torno da quinta década de vida, podendo desenvolver-se como consequência à não remoção do tumor. Alguns estudos sugerem associação da transformação maligna com a infecção pelo papilomavírus humano, também observado na paciente, mas tal associação deve ser melhor investigada. O CA19-9 pode auxiliar no diagnóstico de teratoma ovariano, embora não seja suficiente como uma única ferramenta. A ooforectomia é o tratamento padrão de escolha para teratomas maduros em mulheres pós-menopausa, conforme realizado na paciente apresentada. Devido ao número limitado de casos disponíveis na literatura, não é possível determinar conclusões definitivas com relação à indicação de radioterapia adjuvante e/ou quimioterapia para esta doença. Além disso, as características clínico-patológicas, fatores prognósticos e o mecanismo de transformação maligna ainda não são bem compreendidos.

Conclusões

Apesar de incomum, o carcinoma papilar tireoidiano deve ser levado em consideração quando em avaliação anatomopatológica de teratoma maduro de ovário. Relatos de casos adicionais são importantes para entender a patogênese e a história natural desta doença rara, bem como o tratamento ideal para essa condição.

Palavras-chave

Teratoma Maduro. Carcinoma Papilífero da Tireoide. Neoplasias ovarianas.

Fotos e tabelas

Conflitos de interesse

Não aplicável

Área

Tumores do ovário e peritônio