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Dados do Trabalho


Título

Angiossarcoma induzido por radiação: relato de caso

Introdução

O angiossarcoma é uma neoplasia maligna rara que pode surgir sem precursor conhecido (primário) ou se desenvolver em local da pele previamente irradiada (secundário), também conhecido por angiossarcoma induzido por radiação. Representa menos de 1% dos casos de câncer de mama e 3% dos sarcomas de partes moles (1). A forma secundária se desenvolve em média 10 anos após radioterapia adjuvante (2).

Objetivo

Relatar um caso de uma neoplasia rara de prognóstico ruim, que por se apresentar inicialmente com alterações sutis na pele, pode ser facilmente confundida com alterações benignas, levando a um atraso no diagnóstico e pior desfecho.

Casuística

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Método

As informações foram obtidas por meio de revisão do prontuário, registro fotográfico e revisão da literatura.

Resultados

R.A.C, mulher, 61 anos, em seguimento no serviço desde 2014. Em 2013 paciente foi submetida a quandrantectomia à direita com linfadenectomia axilar em outro serviço. Revisão de lâminas demonstrou carcinoma mamário invasivo tipo misto (não especial e micropapilar), medindo 1,1 cm, e análise de 09 linfonodos sendo 01 comprometido pela neoplasia, Luminal B. Realizou 4 ciclos de quimioterapia adjuvante com adriamicina e ciclofosfamida, e 12 ciclos de taxol. Recebeu radioterapia em 2015, com dose total de 50 Gy em 25 frações de 200 cGy, em parede torácica. Vinha em uso de de letrozol, iniciado em 2014 com proposta de adjuvância por 10 anos. Em junho de 2022 apresentou lesão em mama direita endurecida em quadrante inferiomedial, com aspecto de hematoma assocxiado a telangectasias, de cerca de 4,0 cm. Mamografia e ultrassonografia de mamas dentro na normalidade, e ressonância magnética de mamas com espessamento cutâneo com áreas de realce nos quadrantes inferiores da mama direita, medindo até 23 mm, inespecíficos. Realizado complementação com ultrassonografia dermatológica direcionada para avaliação do espessamento cutâneo supracitado, evidenciando lesão cutânea angiomatosa na mesma topografia, que corresponde a área hipoecogênica heterogênea na derme, de limites imprecisos, com discreta vascularização ao Doppler. Paciente foi submetida à biópsia incisional da área de lesão cutânea, com diagnóstico de angiossarcoma. Estadiamento clínico foi negativo para doença à distância e a paciente foi também encaminhada para avaliação da Oncologia genética que solicitou pesquisa para genes de alto risco. Foi submetida à mastectomia direita com reconstrução imediata em 28/08/2022, cujo anatomopatológico demonstrou angiossarcoma com grau intermediário de diferenciação, com focos de padrão radiodermite-símile,medindo: 7,4x4,0 cm, com localização na derme (superficial e profunda) e subcutâneo. Margens cutâneas livres de neoplasia. Após discussão em tumor board, definido tratamento adjuvante com Gemzar e Docetaxel, considerando quimiossensibilidade da doença e evidência retrospectiva recente de ganho em sobrevida global para angiossarcomas de alto risco (3).

Conclusões

O angiossarcoma possui uma incidência infrequente e com mau prognóstico, sendo necessário alto índice de suspeição para seu diagnóstico imediato.

Palavras-chave

Neoplasias da mama. Radioterapia. Angiossarcoma. Mastectomia.

Fotos e tabelas

Conflitos de interesse

Área

Tumores da mama

Autores

VERONICA PEREIRA FERRAZ