III Congresso Brasileiro de Câncer do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

DRENAGEM BILIAR PALIATIVA EM PACIENTES COM OBSTRUÇAO MALIGNA NAO ASSOCIADA A PRURIDO. RELATO DE CASO E BREVE REVISAO DE LITERATURA

Introdução

Icterícia obstrutiva é sintoma frequente em pacientes com neoplasias pancreatobiliares. Impedimento ao fluxo normal da bile ocasionado por obstrução tumoral, resulta em alterações hepáticas e sistêmicas . Apesar das alterações cardiovasculares, renais, na hemostasia, cicatrização das feridas e no maior risco de infecções e sepse presentes nos pacientes ictéricos, não há um consenso sobre o benefício de drenagem biliar em pacientes ictéricos, sem prurido, com tumores avançados, não candidatos a ressecção cirúrgica. Esse tema é controverso devido a curta expectativa de vida esperada nestes pacientes, junto às complicações associadas ao procedimento e as alterações na qualidade de vida relacionadas a presença e manutenção de drenos externos e/ou internos. Logo é necessário a realização de estudos que avaliem o desfecho desse procedimento através de dados objetivos, fisiopatológicos e de qualidade de vida.

Objetivo

Relatar caso de drenagem biliar em paciente com obstrução maligna não associada a prurido e realizar breve revisão literatura sobre o tema.

Casuística

não se aplica

Método

Estudo retrospectivo do tipo relato de caso com revisão de prontuário

Resultados

Mulher, 88 anos, branca, hipertensa admitida com quadro de icterícia, colúria e acolia fecal há um mês da avaliação associada a anorexia, astenia intensa e náuseas. Ausência de prurido.Apresentava estado geral decaído ( performance status 3), hiperbilirrubinemia direta significativa, aumento de enzimas canaliculares e ausência de sinais de hipertensão portal. Colangiorressonância sugestiva de colangiocarcinoma determinando acentuada dilatação das vias biliares intra-hepáticas. Paciente submetida a drenagem biliar interna com colocação de stents em “Y”, por acesso percutâneo e drenagem biliar externa de proteção. O dreno biliar externo foi retirado no 15o dia pós procedimento, após confirmação de posicionamento adequado dos stents internos e resolução completa da dilatação biliar. Um mês após drenagem biliar, a paciente apresentava redução da colúria, acolia fecal e diminuição significativa da icterícia. Apresentava melhora do estado geral, paladar, apetite, e aumento na ingesta alimentar, na disposição, e ganho na performance status após a drenagem biliar. Os ganhos em qualidade de vida observados no primeiro mês após a drenagem persistiram nas consultas subsequentes e as próteses permaneceram patentes, sem necessidade de troca e com controle adequado da icterícia até o óbito da paciente , seis meses após o procedimento.

Conclusões

Apesar de icterícia sem outros sintomas associados não ser indicação de drenagem de vias biliares como paliação em pacientes com obstrução de via biliar maligna, existem dados consistentes na literatura que indicam realização deste procedimento para melhora de qualidade de vida.Estudos prospectivos mostram melhora no apetite, ingesta alimentar, no controle de sintomas digestivos, fadiga, estado emocional e no bem estar social em pacientes submetidos ao procedimento. A revisão de literatura evidenciou aspectos fisiopatológicos e dados objetivos sobre o desfecho benéfico deste procedimento, corroborando assim a conduta empregada no caso relatado.

Palavras-chave

Icterícia Obstrutiva, Drenagem Biliar, Câncer de Pâncreas , Câncer das Vias Biliares, Câncer de Vesícula

Área

Outras

Instituições

Instituto Nacional do Câncer - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

LUCIANA HOLANDA LIMA DORNELAS CAMARA, RINALDO GONÇALVES SILVA, HUGO GOUVEIA, LUISA LABRUNIE, EDUARDO LINHARES, RINAILDA DE CASCIA SANTOS TORRES, BEATRIZ CUNHA MARENDAZ RODRIGUES