Dados do Trabalho


Título

Baço Errante: condição rara de abdome agudo

Introdução

Baço errante (flutuante/ Wandering Spleen) é uma condição rara, no qual ocorre migração de sua posição anatômica habitual, para abdome inferior ou pelve.   Acomete crianças abaixo dos 10 anos e mulheres em idade fértil. Incidência < 0,5 %. 
Essa patologia pode ter origem congênita, decorrente ausência ou subdesenvolvimento dos ligamentos, ou adquirida, por enfraquecimento dessas estruturas por diversas causas, entre elas como disfunções hormonais durante a gestação, doenças que causam esplenomegalia ou flacidez da parede abdominal. Devido a esses ligamentos anormais, pode-se formar um longo pedículo vascular, contendo os vasos esplênicos, predispondo o baço à torção, e, consequentemente, ao infarto esplênico.

Descrição

Masculino, 13 anos, dor abdominal há 3 dias, associado náuseas, vômitos e anorexia. Ao exame físico, abdome com RH +, pouco distendido, doloroso a palpação em FID, sem massas ou visceromegalias. Radiografia de abdome agudo com discreta distensão de alças intestinais com níveis hidroaéreos na FID, e exames laboratoriais com leucocitose e desvio à esquerda e bastões, proteína C reativa  alterada. Diagnostico: quadro de apendicite e submetido videolaparoscopia. No inventário da cavidade abdominal identificou-se apêndice cecal sem alterações, moderada quantidade de sangue nos quadrantes da cavidade e pelve, e, aparente, lesão esplênica bloqueada por epíplon. A cirurgia foi suspensa e realizada tomografia computadorizada (TC) de abdome, no qual se observou baço fora da loja esplênica, hipodenso, homogêneo e pedículo torcido. Em nova cirurgia evidenciou-se baço flutuante localizado no flanco esquerdo, contendendo múltiplas lacerações esplênicas com rotação céfalo-caudal do parênquima, caindo sobre hilo esplênico. Tentou-se desfazer rotação, sem sucesso e optou-se pela esplenectomia.

Discussão

O baço errante é uma condição rara e reconhecida dentro dos diagnósticos diferenciais de abdome agudo. Foi apresentado um caso com padrão clínico atípico, no qual a tomografia computadorizada foi fundamental na elucidação do diagnóstico.
Na maioria das vezes, a conduta definitiva acaba sendo esplenectomia, porém, em alguns casos é possível preservação do baço, na ausência de complicações, com a distorção do pedículo esplênico, quando o diagnóstico precoce é realizado. Neste caso, foi optado por esplenectomia decorrente aos sinais de infarto esplênico.

Palavras Chave

baço errante; diagnóstico raro; diagnóstico precoce; abdome agudo; espenectomia.

Área

Abdominal Gastrointestinal

Instituições

Lâmina/ DASA - Santa Catarina - Brasil, UFSC - Santa Catarina - Brasil

Autores

MEIRE HELLEN DE ALMEIDA, JOSÉ ARLINDO DRUSZCZ, ANDRÉ LUIZ ALVES, SIMONE VICENTE DIAS DA SILVA