Dados do Trabalho


Título

Cefalocele do ápice petroso com fístula liquórica auditiva.

Introdução

Lesões císticas do ápice petroso são patologias raras, podendo ser assintomáticas. Usualmente são caracterizadas acidentalmente em exames de imagem. Diversos são os nomes utilizados para denominação, que variam de acordo com seu conteúdo (meningoceles, cistos de aracnóide, etc). Geralmente unilaterais, se localizam na porção posterior do cavum de Meckel, e podem expandir e erodir estruturas ósseas do ápice petroso, sendo também importante ressaltar a relação com estruturas neurais e vasculares críticas na mesma topografia. Quando presente a sintomatologia pode incluir rinorreia ou otorreia por fístula liquórica, cefaleia e vertigem. Neuropatia trigeminal recorrente em adultos e meningites de repetição em pacientes pediátricos também podem levantar suspeitas.

Descrição

Paciente masculino, com 11 anos, encaminhado por suspeita de fístula liquórica caracterizada no intra operatório de miringotomia à esquerda em serviço externo. Apresentava história de meningite associada a sinusopatia 2 anos antes do atendimento inicial. Evoluiu com hipoacusia esquerda, sem tontura. No intra operatório da miringotomia houve saída pulsátil de líquido claro em água de rocha, e após o procedimento referiu melhora da hipoacusia.
Nos exames de imagem apresentou lesão cística centrada no ápice petroso esquerdo, com conteúdo homogêneo, de sinal similar ao líquor. Não havia realce pós gadolínio endovenoso ou restrição à difusão. Havia distorção e aparente comunicação com o cavum de Meckel ipsilateral e apresentava contato com o segmento petroso da artéria carótida interna esquerda. O seguimento por cerca de 4 anos demonstrou aumento discreto e progressivo das dimensões lesionais. Em todos os exames também era caracterizado conteúdo hidratado na superfície epitelial do conduto auditivo externo esquerdo.

Discussão

A etiologia e patogênese das lesões císticas do ápice petroso ainda é incerta, com diferentes teorias utilizadas para explicar formas congênitas e adquiridas. Acredita-se que o aumento da pressão intracraniana possa estar associado, ou pulsação crônica de líquor em porções pneumatizadas com paredes finas possam resultar em deiscência nessa topografia. Usualmente com características liquóricas em exames de imagem não apresentam realce pós contraste endovenoso ou restrição à difusão das moléculas de água, e podem necessitar de abordagem sobretudo na presença de sintomatologia, complicações, ou crescimento progressivo.

Palavras Chave

Cefalocele, ápice petroso, fístula liquórica, cavum de Meckel, osso temporal.

Área

Cabeça e Pescoço

Autores

Murilo Cesar Alves Menezes, Sérgio Ferreira Alves Júnior, João Antonio Pessôa Corrêa, Lays Silva Ribeiro, Taísa Melo Guarilha, Angela Maria Borri Wolosker, Maria Lúcia Borri, José Roberto Falco Fonseca