Dados do Trabalho


Título

Colesteatoma congênito de ápice petroso comprimindo estruturas da fossa posterior.

Introdução

O ápice petroso é a porção mais inacessível do osso temporal e suas lesões podem ser clinicamente silenciosas por longos períodos, com sintomatologia vaga e inespecífica, podendo atrasar o diagnóstico. Os diagnósticos diferenciais são variados, sendo as lesões primárias intrínsecas do ápice petroso pouco comuns, e os exames de imagem recomendados para melhor caracterização, avaliar extensão e grau de acometimento.

Descrição

Paciente masculino de 72 anos apresentava otorreia fétida à esquerda com tontura, mal estar, perda ponderal e cefaleia de longa data com piora recente. Desde o nascimento apresentava anacusia esquerda, e paralisia facial periférica ipsilateral há mais de 45 anos. Ao exame físico havia estenose no terço distal do conduto auditivo externo esquerdo, sem visibilização da membrana timpânica. Não havia história de trauma ou cirurgias.
Nos exames de imagem apresentava lesão expansiva centrada no ápice petroso esquerdo, isointensa em T1, alto sinal T2, restrição a difusão e sem realce relevante. Estendia pela topografia do conduto auditivo interno, comprometendo as estruturas da orelha interna esquerda, não se caracterizando a cóclea e com parcial visibilização dos canais semicirculares. Ocupava o ângulo ponto cerebelar na fossa posterior esquerda, comprimindo a ponte e o pedúnculo cerebelar médio, anteriormente comprimia o cavum de Meckel, e havia envolvimento de nervos cranianos esquerdos sobretudo em seus trajetos cisternais, além de exibir efeito compressivo sobre quarto ventrículo. Submetido a petrosectomia translabiríntica, confirmou-se a natureza colesteatomatosa.

Discussão

A porção petrosa do osso temporal tem relação anatômica com estruturas neurais e vasculares críticas, e patologias nesta região podem resultar em sequelas importantes. Sinais clínicos e exames complementares ajudam na diferenciação etiológica, estando os exames de imagem dentre os principais para avaliação de lesões expansivas benignas e malignas, bem como para elucidação diagnóstica e planejamento cirúrgico quando indicado. A tomografia computadorizada demonstra sobretudo áreas de erosão óssea, e a ressonância magnética apresenta diferenciação tecidual importante com caracterização de imagem distinta, onde o hipersinal T2, restrição a difusão e ausência de realce relevante pós gadolínio estreitam as hipóteses diagnósticas, além de avaliar o envolvimento das estruturas adjacentes, facilitando assim o planejamento terapêutico.

Palavras Chave

Colesteatoma, colesteatoma congênito, ápice petroso, fossa posterior, otite média crônica colesteatomatosa.

Área

Cabeça e Pescoço

Autores

Murilo Cesar Alves Menezes, Sérgio Ferreira Alves Júnior, João Antonio Pessôa Corrêa, Lays Silva Ribeiro, Taísa Melo Guarilha, Angela Maria Borri Wolosker, Maria Lúcia Borri, José Roberto Falco Fonseca