Dados do Trabalho


Título

Dissecção traumática da carótida interna em paciente pediátrico: um relato de caso.

Introdução

A dissecção traumática de uma artéria acontece a partir da ruptura de sua camada íntima, ou de hemorragia dos vasa vasorum, com consequente desenvolvimento de hematoma subintimal que pode progredir com a formação de falsa luz subintimal. Esta alteração pode gerar compressão e estenose da luz verdadeira em graus variáveis ou até à sua oclusão. Dentre as lesões vasculares traumáticas, a dissecção traumática da artéria carótida interna (ACI) é rara e frequentemente subdiagnosticada, representando cerca de 20% dos AVE´s isquêmicos no grupo etário pediátrico. Como sinais e sintomas de alerta podemos citar cefaleia e dor cervical, miose e ptose ou qualquer deficit neurológico focal. Dentre os métodos diagnósticos, lançamos mão da ultrassonografia (US) com Doppler colorido e pulsado, que muitas vezes é limitado ao estudo da região cervical proximal, método que, no contexto do politraumatizado, pode ser sabiamente complementado com a angiotomografia de carótida a nível cervical e intracraniano, cujos achados podem determinar a sobrevida do paciente, uma vez que sua mortalidade aumenta de maneira proporcional ao tempo do diagnóstico.

Descrição

Paciente vítima de trauma auto versus caminhão, 2 anos, feminina, apresentando perda de consciência lacunar na cena, sendo socorrida já em Glasgow 11, com escoriações em região periorbital esquerda e evoluindo com vômitos. Foi indicada tomografia de crânio que evidenciou traço de fratura da porção petrosa do osso temporal direito, que se estendia para canal carótico, além de preenchimento das células mastóideas e cavidade timpânica de mesmo lado. Não apresentou alterações parenquimatosas cerebrais no primeiro exame. Após um dia, desenvolveu paresia em dimídio esquerdo, sendo realizada nova TC de crânio com evidência de hiperdensidade da artéria cerebral média direita, sugerindo trombo, associada a hipodensidade com perda de diferenciação corticosubcortical, inferindo insulto isquêmico recente neste território vascular. Na complementação com angio-TC cervical, foi confirmada a obstrução total (grau IV) da ACI direita, que levou às repercussões supracitadas.

Discussão

O caso trouxe à luz o importante papel da TC em pacientes vítimas de trauma, como primeiro método de imagem para o diagnóstico precoce de dissecção da artéria carótida interna, contribuindo assim para um melhor desfecho clínico dos pacientes. Além de expor os sinais tomográficos indiretos de injúrias vasculares no trauma, a fim de minimizar o tempo para o diagnóstico dessas entidades.

Palavras Chave

Carótida interna; Dissecção; Angiotomografia; Trauma; Criança

Área

Neurorradiologia

Instituições

Hospital Santa Rita - Paraná - Brasil

Autores

Angelo Antonio Raian Maróstica, Jamile Diogo de Araujo, Filipi Guilhen Pasin, Andrea Vargas Caldeira, Oscar Adolfo Fonzar, Aisar Mohammad Jaber, Renisa Maiara Maróstica