Dados do Trabalho


Título

CÂNCER GÁSTRICO NO ESTÔMAGO EXCLUSO APÓS CIRÚRGIA BARIÁTRICA

Introdução

O número de cirurgias bariátricas cresceu 84% nos últimos 8 anos no país, tornando os exames de pacientes pós-gastroplastia redutora cada vez mais comuns no dia-a-dia do radiologista. O objetivo deste relato é alertar para a detecção do câncer que ocorre no estômago excluso após cirurgia bariátrica, que embora raro, traz dificuldade diagnóstica adicional.

Descrição

Paciente, 61 anos, admitida com constipação intermitente e vômitos há 15 dias. De prévio, cirurgia bariátrica (gastroplastia redutora em Y de Roux) há 12 anos. Realizada tomografia computadorizada que demonstrou espessamento e realce parietal difuso da alça bileopancreática (alça exclusa), com extensão da lesão para o cólon transverso através do ligamento gastrocólico; o acometimento do cólon determina redução de seu lúmen, com dilatação das alças intestinais à montante. Paciente evoluiu com agravamento do quadro de obstrução intestinal e foi submetida à laparotomia exploradora. O inventário cirúrgico evidenciou: espessamento tumoral de todo o estômago excluso até a segunda porção do duodeno, com extensão tumoral através do ligamento gastrocólico, acometendo o cólon transverso até a flexura esplênica e determinando estenose e dilatação de alças a montante, sem dilatação da alça alimentar ou da alça biliopancreática; acometimento tumoral do hilo esplênico e do meso da alça alimentar, e provável infiltração do pâncreas. Devido a irressecabilidade, realizada transversostomia em alça.

Discussão

A gastroplastia redutora em Y de roux estabelece a redução do volume da câmara gástrica, que é anastomosada a uma alça jejunal, formando assim a alça alimentar. O segmento restante da câmara gástrica e o duodeno formam um segmento intestinal excluso do trânsito alimentar – a alça biliopancreática. Logo, passa a existir um segmento do trato gastrointestinal alto que não é acessado via endoscopia digestiva alta. O diagnóstico do câncer gástrico no estômago excluso representa grande desafio, sendo citados métodos como laparoscopia, endoscopia percutânea por gastrostomia, biópsia percutânea e endoscopia retrógrada. No nosso paciente a detecção da neoplasia ocorreu tardiamente, apenas quando o acometimento secundário do cólon determinou sintomatologia. Desta maneira, destacamos a importância de uma avaliação minuciosa desses segmentos exclusos na tomografia computadorizada de pacientes pós-bariátrica. A procura de sinais suspeitos pode representar um diagnóstico precoce e melhor sobrevida.

Palavras Chave

gastroplastia redutora, y de roux, ligamento gastrocólico, neoplasia gástrica, estômago excluso

Área

Abdominal Gastrointestinal

Autores

Cléo Frossard de Assis Souza, Larah Colombi Calmon Pitanga, Antônio Régis Coelho Guimarães, Lucas Rezende Ferraz Rodrigues, Maísa Naomi Irie, Renan Denadai Turci, João Luiz Veloso Mourão, Nelson Márcio Gomes Caserta