Dados do Trabalho

Título

ACIDENTE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO RECORRENTE COMO MANIFESTAÇÃO DE DISPLASIA FIBROMUSCULAR DA ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA (CAROTID WEB): RELATO DE CASO

Introdução

Causa de importante morbimortalidade e de grande impacto no sistema de saúde dos países industrializados, as doenças cerebrovasculares, apesar de manejo bem clarificado, encontram ainda na individualização etiológica um grande desafio. Em cerca de um terço dos casos a causa ainda permanece obscura. A displasia fibromuscular da artéria carótida interna (carotid web) consiste em uma causa subestimada de acidente vascular encefálico em mulheres jovens, levando a um risco de recorrência de 20%.

Descrição

Paciente de 49 anos de idade, sexo feminino, previamente sem comorbidades, procurou o serviço público de saúde com relato de déficit focal transitório e recorrente. Aventou-se a possibilidade de acidente isquêmico transitório. Os exames laboratoriais da paciente não evidenciaram alterações significativas. Solicitou-se Doppler de carótidas e vertebrais como propedêutica de imagem inicial. A paciente foi então encaminhada ao nosso serviço para realização do exame, o qual evidenciou complexo médio-intimal fino e sem evidência de placas ateroscleróticas. Por outro lado, observou-se formação linear ecogênica projetada da parede posterolateral, na emergência da artéria carótida interna bilateralmente, que se estendia para o lúmen vascular, sem determinar estreitamento significativo, achados compatíveis com carotid web.

Discussão

A displasia fibromuscular da artéria carótida interna consiste em patologia altamente trombogênica. A prevalência desta condição entre os pacientes submetidos a exame de imagem em um contexto de isquemia é subestimada, variando de 1,6% descrito por Mei et al a 2,5% reportado por Kars et al. Observa-se uma marcante predileção pelo sexo feminino, sobretudo adultos com idade média de 56 anos. Nos diversos estudos revisados, dos pacientes que foram diagnosticados com esta condição, 82% não apresentavam placas de aterosclerose ou outros fatores de risco. A recorrência dos episódios isquêmicos marca o potencial trombogênico desta condição, visto que um quinto dos pacientes experimentaram um novo evento cerebrovascular nos 20 anos seguintes. A paciente apresentada neste relato está em concordância com os dados disponíveis na literatura médica, haja vista não possuir comorbidades ou fatores de risco conhecidos e ter experimentado pelo menos três episódios de isquemia cerebral nos últimos anos. O diagnóstico correto impõe-se por se tratar de uma condição que estatisticamente correlaciona-se a eventos cerebrovasculares e que pode ser abordada por medidas profiláticas.

Palavras Chave

Carotid web; Carotid artery diseases; Cerebral infarction; Fibromuscular dysplasia

Área

Neurorradiologia