Dados do Trabalho


Título

Metástase cardíaca de hepatocarcinoma: relato de caso

Introdução

A incidência de metástases cardíacas em pacientes com tumor primário conhecido é de aproximadamente 9%, sendo o acometimento neoplásico secundário do coração aproximadamente 40 vezes mais comum que o primário. Entre os portadores de carcinoma hepatocelular (CHC), 5-10% apresentam doença disseminada para o miocárdio. O caso apresentado ilustra uma dessas raras ocorrências, assim como o papel de diferentes métodos de imagem no seu diagnóstico.

Descrição

A.E.T, sexo masculino, 64 anos, diagnosticado em 2017 com carcinoma hepatocelular (CHC), sendo submetido a setorectomia lateral esquerda (segmentos II e III), sem indicação de adjuvância no período. Evoluiu após quatro anos com sintomas de insuficiência cardíaca, comparecendo ao pronto-atendimento do Hospital das Clínicas da UFMG (HC-UFMG). O ecocardiograma transtorácico evidenciou grande massa no interior do ventrículo direito (VD), além de disfunção sistólica e diastólica do ventrículo esquerdo. A tomografia computadorizada (TC) confirmou a presença de massa centrada no VD, além de múltiplos nódulos pulmonares sugestivos de acometimento neoplásico secundário.
O estudo por ressonância magnética (RM) cardíaca mostrou um VD com dimensões aumentadas, mas com volume intracavitário quase completamente ocupado por volumosa massa, em região médio-apical e parte da via de saída, sem planos de clivagem com as paredes anterior, lateral e septo interventricular.
A biópsia endomiocárdica acompanhando de estudo anatomopatológico e por imunohistoquímica confirmou o diagnóstico de hepatocarcinoma metastático.
Considerando o estágio avançado da doença e a irressecabilidade da massa cardíaca, o paciente foi encaminhado para quimioterapia com acompanhamento ambulatorial, apresentando resposta parcial.

Discussão

Diversas modalidades de imagem têm seu papel na avaliação de metástases cardíacas. A ecocardiografia permite rápida avaliação das câmaras cardíacas, incluindo sua função, porém apresenta um campo de visão estreito e é limitada pelas janelas acústicas. A TC tem excelente resolução espacial, além de caracterizar muito bem a presença de calcificações, sendo sua principal desvantagem a caracterização tecidual. A RM cardíaca permanece o melhor método de imagem nesse contexto, conseguindo diferenciar doença infiltrativa de tecido miocárdico e tumor de trombo cavitário. A seleção de cada protocolo deve ser cuidadosa e a combinação de diferentes métodos pode se fazer necessária para se conseguir elucidar um diagnóstico.

Palavras Chave

Metástase cardíaca; Metástase pericárdica; Massa cardíaca; Carcinoma hepatocelular; Hepatocarcinoma

Área

Tórax

Autores

Ana Luisa Carneiro Pereira Gonçalves, Pedro Oertel D'Amico, Alair Junio Rocha Arantes, Maria Luiza Oliveira Lopes Teixeira, Guilherme Moreira Dias, Renato Cruz de Sousa, Thiago Coelho Pettersen, Lauro Baptista Machado Neto, Leonardo Fontenelle de Carvalho