Dados do Trabalho

Título

Tendinite calcária aguda do músculo longus colli: uma entidade a ser lembrada

Introdução

A tendinite calcária é um tipo frequente de tendinopatia, que pode ser desenvolvida em diversas regiões anatômicas, porém envolve predominantemente os músculos do manguito rotador.
Destaca-se a importância acerca do tema já que a suspeição clínica pode ser conflitante quando a região de interesse é pouco frequente, clínica atípica ou quando a tendinite calcária se espalha e compromete estruturas ósseas e musculares adjacentes. Dessa forma, o entendimento proporciona manejo adequado diante de pitfalls e mimetizadores.

Descrição

Na apresentação, apresentamos dois casos atípicos de tendinite calcária no músculo longo do pescoço.
Caso 1:
Sexo masculino, 41 anos, com queixa de dor cervical exacerbada pelos movimentos e deglutição há 2 semanas.
Foi solicitada ressonância magnética, mostrando abaulamento de partes moles na região pré-vertebral estendendo-se de C2 a C5, exibindo hipossinal em T1, hipersinal em T2/STIR, com discreto realce pelo contraste e sem difusão restrita. Associavam-se focos de hipossinal em todas as sequências em topografia inferior e anterior a articulação atlanto-odontoide.
Caso 2:
Sexo masculino, 32 anos, com queixa de dor em região cervical esquerda com limitação de movimento cervical há 5 dias. Evoluiu com edema em região occipital com irradiação da dor para orofaringe, febre e otalgia.
Foi solicitada tomografia computadorizada, evidenciando laminar acúmulo líquido/edema retrofaríngeo, sem realce pelo meio de contraste, estendendo-se de C2 a C5. Associava-se pequena formação tecidual hipercontrastante e ossificação heterotópica adjacentes ao processo odontoide do áxis.

Discussão

Trata-se de uma condição dolorosa aguda devido à deposição microscópica de cristais de hidroxiapatia no interior de tendões, bursas, tecidos peritendinosos e ligamentos, os quais sofrem reabsorção espontânea após um período variável.
Pode ocasionar inflamação e representa importante causa de dor não-traumática. Além disso, não possui predileção por gênero e é predominante na faixa etária de 20 a 50 anos. Os sintomas comumente relatados quando envolve o longus colli são cervicalgia, febre, disfagia, odinofagia e limitação na amplitude de movimento do pescoço. Os achados laboratoriais mais costumeiros são leucocitose e eritrocitose. Ambos os casos descritos negavam cirurgias e traumas prévios e relataram histórico hígido, apresentando clínica e faixa etária compatíveis, sendo possível chegar ao diagnóstico através de diferentes métodos de imagem.

Palavras Chave

longus colli, tendinite calcária, tendinopatia, músculo longo do pescoço, pitfall

Área

Musculoesquelético (incluindo USG)