Dados do Trabalho


Título

Pseudoprogressão peri-ictal em paciente com tumor cerebral tratado: um relato de caso.

Introdução

Pacientes com passado de tumor cerebral que apresentam novas lesões com realce ao meio de contraste na ressonância magnética de acompanhamento, geralmente, estão diante de uma progressão/recidiva tumoral, sobretudo quando há quadro epileptiforme novo ou que recorreu após longo tempo de remissão. Contudo, se esta associação clínica e radiológica acontece tardiamente em pacientes que se submeteram à tratamento radioterápico, a pseudoprogressão peri-ictal constitui a principal hipótese diagnóstica, uma entidade rara, que deve ser suspeitada nos exames de neuroimagem.

Descrição

Paciente feminina, 56 anos, com passado de ependimoma grau III tratado há 10 anos com cirurgia e radioterapia, foi admitida em hospital terciário com história de há 3 dias ter iniciado quadro de alucinações visuais complexas. A ressonância nuclear magnética de crânio da admissão evidenciou exuberante realce parenquimatoso giral adjacente ao leito cirúrgico, em correspondência à área de programação da radioterapia realizada há 10 anos. O eletroencefalograma demonstrou crises focais repetidas, iniciadas nas regiões posteriores do hemisfério cerebral direito, com duração de até 77 minutos. A paciente recebeu Lacosamida endovenosa, que necessitou de ajuste de dose e associação com clobazam para cessação das crises. A ressonância de crânio de controle após 30 dias da alta indicava resolução da contrastação parenquimatosa giral e o eletroencefalograma indicava ausência de anormalidades epileptiformes.

Discussão

A paciente do caso relatado possuía um quadro clínico e radiológico de pseudoprogressão peri-ictal, uma entidade rara, que compõe o espectro de vasculopatia pós radioterapia. Embora possa estar presente em pacientes em vigência do tratamento, é classicamente encontrada de forma tardia naqueles que se submeteram à radioterapia para tratamento de tumor cerebral. Na ressonância nuclear magnética do crânio, caracteriza-se por realce focal cortical/leptomeníngeo, em correspondência à área de programação da radioterapia. A resolução das alterações de imagem ocorre de 1 a 3 meses após instituição do tratamento, podendo haver recaídas. O reconhecimento desta patologia é importante para evitar diagnóstico e tratamento incorretos direcionados para progressão da doença tumoral.

Palavras Chave

Pseudoprogressão, pseudoprogressão peri-ictal, radioterapia, tumor cerebral, epilepsia.

Área

Neurorradiologia

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

Lívia Parente de Alencar Alves, Renata Bertanha, Raphael Oliveira Correia, Felipe Barjud Pereira do Nascimento, Vitor Ribeiro Paes, Rogério Iquizli, Fabiana de Campos Cordeiro Hirata, Luis Filipe de Souza Godoy, Alcino Alves Barbosa Júnior