Dados do Trabalho


Título

MORDEDURA POR PITBULL EM CRÂNIO DE PACIENTE COM 2 MESES DE IDADE: LESÕES CEREBRAIS ASSOCIADAS

Introdução

Acidentes com cães domésticos vem se tornando cada ano mais comuns na sociedade, fazendo desse um problema em crescimento. Dados estadunidenses apontam que a mordedura por animal é o trauma não letal mais comum na faixa etária pediátrica, sendo o cão o mamífero com maior prevalência. A avaliação inicial de lesões de cabeça e pescoço exige frequentemente o uso da tomografia computadorizada (TC) para avaliação da extensão do trauma, assim como acompanhamento de possíveis complicações do tratamento e evolução do paciente.

Descrição

M.L.A., 2 meses, feminina, foi admitida em serviço de emergência de hospital terciário após trauma por mordedura canina em região fronto-têmporo-parietal direita. Foi realizada TC de crânio e pescoço sem administração de meio de contraste venoso, que demonstrou fratura dos ossos temporal e parietal direitos, sinais de pneumoencéfalo, coleção subdural e focos espontaneamente hiperdensos adjacentes à região do trauma. Ainda foi possível identificar hematoma subgaleal e herniação de encéfalo na região da descontinuidade óssea. A paciente foi submetida a craniectomia descompressiva e durorrafia. A TC de crânio com contraste venoso 12 dias após a cirurgia evidenciou coleção com captação anelar na região subincisional, redução importante do edema cerebral e ausência de herniações. Uma última imagem trouxe melhora importante do padrão da captação de contraste, bem como redução das dimensões da coleção e do realce. A paciente seguiu em acompanhamento ambulatorial, sendo diagnosticada com epilepsia e atraso do desenvolvimento neuropsicomotor.

Discussão

A correta identificação das lesões intracranianas é de substancial importância para o diagnóstico correto e estabelecimento da conduta sequente pela equipe assistente. Ademais, a avaliação com métodos de imagem pós cirurgia auxilia no diagnóstico precoce de coleções e outros processos infecciosos, permitindo a instituição de um tratamento precoce.
Os traumas decorrentes de mordida canina, especialmente na população pediátrica com menos de um ano de idade, podem se associar a extensos comprometimentos. A avaliação inicial minuciosa e bom uso dos métodos de imagem e sua interpretação são extremamente necessários para a adequada identificação das lesões, orientando a conduta mais adequada para cada caso. A gravidade das lesões observadas no presente caso reforça, ainda, a necessidade de se proteger crianças lactentes de ataques por cães, possivelmente com medidas mais ativas para educar e orientar a população.

Palavras Chave

Mordedura; Lactente; Tomografia; Hemorragia; Epilepsia.

Área

Neurorradiologia

Instituições

Hospital de Clínicas da UNICAMP - São Paulo - Brasil

Autores

Renan Denadai Turci, Fabiano Reis, Antônio Régis Coelho Guimarães, Cleo Frossard de Assis Souza, Larah Colombi Calmon Pitanga, Lucas Rezende Ferraz Rodrigues, Maísa Naomi Irie