Dados do Trabalho


Título

TÍTULO: NEUROCISTICERCOSE: Apresentação da doença na forma racemosa em um paciente com mielite esquistossomótica

Introdução

A neurocisticercose é endêmica na maioria dos países de baixa renda, sendo uma das causas mais comuns de crises convulsivas e responsável por aproximadamente 50.000 óbitos/ano. Causada pela forma larvar da Taenia solium quando o ser humano é hospedeiro intermediário, pode acometer qualquer idade e sexo. Morfologicamente, o cisticerco pode apresentar-se sob a forma cística com vesícula contendo escólex em seu interior e em cachos com numerosas vesículas sem o excólex, forma racemosa, esta sendo potencialmente mais grave devido sua apresentação extraparenquimatosa e pleomórfica, podendo ser um desafio diagnóstico.

Descrição

Relato de caso: Trata-se de paciente masculino, 53 anos, natural de Minas Gerais, com história de cefaleia, confusão e tremores em MMSS, de evolução progressiva há dois anos. Tem passado de mielite esquistossomótica com paraplegia desde então. Ao exame físico apresentava-se confuso, com força grau IV em MMSS e plegia em MMII. Os achados na ressonância magnética evidenciaram imagens cistiformes e multiloculadas moldando as cisternas basais, moderada hidrocefalia supratentorial e imagens nodulares esparsas pelo parênquima bilateralmente, inferindo-se, então, a hipótese diagnóstica de neurocisticercose com nódulos na fase nodular granular e acometimento nas cisternas basais pela forma racemosa.

Discussão

A apresentação clínica da neurocisticercose é muito variável incluindo cefaleia, estado mental alterado, déficits neurológicos e Síndrome de Bruns, quando os cistos acometem o terceiro e quarto ventrículos. A forma racemosa é clinicamente mais agressiva do que a forma parenquimatosa e é observada em 15-54% dos pacientes, podendo se apresentar na forma meníngea, intraventricular ou subaracnóidea, e causar doença cerebrovascular. Os critérios diagnósticos atuais são fundamentados em dados clínicos, reações sorológicas específicas e neuroimagem, com destaque para a Ressonância Magnética, com achados que dependem da localização e do estágio da infecção, auxiliando entre as considerações diagnósticas diferenciais que incluem metástase, abscesso e outras infecções parasitárias/fúngicas.
Diante do exposto, conclui-se que a neurocisticercose é ainda prevalente e deve ser obrigatoriamente inferida como diagnóstico diferencial nos achados de neuroimagem, principalmente em áreas endêmicas, podendo auxiliar significativamente no diagnóstico, notadamente quando associada a demais afecções neurológicas.

Palavras Chave

Neurocisticercose. Teníase. Racemosa. Formas. Cisticerco.

Área

Neurorradiologia

Autores

Gabriella Viana FONSECA, Jamylle Miranda MESQUITA, Jhua Oliveira FERREIRA, Izabella Torres MELO, Raissa Lobo LADEIRA, Paula Ribeiro Britto BORGES