Dados do Trabalho


Título

Relato de caso da associação de duas condições raras: Carcinoma Hepatocelular Fibrolamelar e Síndrome de Bloom

Introdução

Fibrolamelar é uma variante histológica distinta do carcinoma hepatocelular, rara, responsável por 1% das neoplasias primárias do fígado, caracterizado na microscopia por camadas fibrosas laminadas entre as células tumorais. Já a síndrome de Bloom é uma doença autossômica recessiva rara, sua instabilidade cromossômica predispõe o paciente a malignidade. Há um registro mundial de pacientes com 255 casos, sendo 16 no Brasil. Diante da raridade tanto da síndrome quanto do hepatocarcinoma fibrolamelar, apresentamos o presente caso.

Descrição

Feminino, 23 anos, com antecedente pessoal de síndrome de Bloom, realizou ultrassonografia (USG) de abdome evidenciando nódulo hipoecogênico, inespecífico. A tomografia computadorizada (TC) de abdome concluiu que o nódulo tinha características de hiperplasia nodular focal no segmento hepático VII.
Após 2 anos realizou novo USG abdome que demonstrou nódulo hepático com aumento das dimensões em comparação a exames prévios e a TC de abdome demonstrou formação nodular heterogênea com cistos de permeio, indeterminada. Evoluiu com náusea, vômito e diarréia associada a perda de 10kg em 3 meses. Prosseguiu com biópsia do nódulo hepático com resultado anatomopatológico de hiperplasia nodular focal. 
A TC de abdome com volumetria hepática evidenciou formação nodular ocupando a maior parte do lobo direito de contornos lobulados e limites parcialmente definidos, heterogênea com realce heterogêneo pelo meio de contraste, predominantemente hipervascular, sem "washout", delimitando áreas hipoatenuantes que podem corresponder a áreas de necrose/liquefação ou tecido cicatricial, com aparente realce capsular na fase tardia. Apresenta irrigação arterial pela artéria hepática direita, comprime as veias hepáticas direita e média e apresenta contato com a veia cava inferior retro-hepática e com o ramo hepático esquerdo. Promove abaulamento da cápsula hepática. O
laudo evidenciou suspeita de lesão neoplásica primária. Entre os diagnósticos diferenciais admitiu-se a possibilidade de carcinoma fibrolamelar. Volumetria hepática com volume de parênquima hepático remanescente de 439,53 ml que corresponde a 23,2% do parênquima hepático total, ou seja, lesão foi considerada irressecável.
Após o último exame de imagem foi realizada a revisão da lâmina: lesão hepática atípica podendo considerar hepatocarcinoma fibrolamelar.

Discussão

Não existe tratamento para essa síndrome por isso destaca-se a importância de vigilância para detecção precoce de neoplasias.

Palavras Chave

Síndrome de Bloom; Hepatocarcinoma Fibrolamelar; Volumetria hepática

Área

Abdominal Gastrointestinal

Autores

Maria Célia Franco Issa, Gabriela Ferreira Bailão, Lorena Candido Brandão, Ana Victória Haddad, Felipe Batista Rodrigues, Murilo Prevital Correia, Ellen Diniz de Menezes, Paulo Eduardo Hernandes Antunes, Marco Antônio Leite