Dados do Trabalho


Título

Relato de caso de encefalopatia de Rasmussen com achados bilaterais e sua evolução temporal

Introdução

Encefalopatia de Rasmussen é uma causa de epilepsia refratária da infância clinicamente caracterizada por crises focais e parciais contínuas, habitualmente incontroláveis a despeito de tratamento medicamentoso otimizado. A urgência de seu diagnóstico e tratamento precoce decorrem das alterações funcionais progressivas e irreversíveis secundárias ao dano estrutural cerebral, sendo a rapidez dessa evolução o critério que subdivide os pacientes em dois grupos: fast burn (definindo-se hemiparesia em até 1 ano após o início dos sintomas) e slow burn.

Descrição


Este relato de caso documenta um caso de um paciente com crises focais e crises parciais contínuas, com inequívoca exacerbação temporal e perda dos marcos de desenvolvimento. O eletroencefalograma evidenciava encefalopatia epiléptica de base focal, com epileptogênese ativa e limítrofe para status epiléptico. Inicialmente, a ressonância magnética evidenciou alterações corticais bilaterais e em núcleos da base à esquerda. O controle evidenciou típica hemiatrofia cerebral esquerda progressiva, e estabilidade das alterações à direita. Há respaldo na literatura para achados bilaterais na encefalopatia de Rasmussen, embora sejam infrequentes. O diagnóstico de encefalopatia de Rasmussen foi clínico e radiológico, confesso por equipe multidisciplinar diante do acompanhamento longitudinal do paciente, embora sem confirmação histopatológica até o momento.

Discussão


Os achados radiológicos típicos são de alteração cortical e/ou de núcleos da base, unilateral e progressiva, levando a hemiatrofia cerebral do lado acometido. A presença de achados bilaterais ou a falha na documentação da progressão dos achados de imagem são fatores confundidores que retardam o diagnóstico e prorrogam a decisão terapêutica cirúrgica. O reconhecimento de achados atípicos, portanto, fundamenta o diagnóstico e respalda decisões cirúrgicas precoces pelas equipes assistentes, relacionando-se diretamente a um melhor prognóstico.
A hemisferectomia funcional é a abordagem cirúrgica de escolha, e objetiva tanto evitar a propagação da crise epileptogênica, quanto reprimir a deterioração funcional do paciente secundária às crises, embora se espere comprometimentos funcionais secundários à cirurgia.
O tratamento cirúrgico foi indicado, embora ainda não realizado.

Palavras Chave

Encefalite de Rasmussen, Ressonância Magnética, Hemisferotomia, Epilepsia farmacorresistente, Crise parcial contínua.

Área

Neurorradiologia

Autores

BEATRIZ MENDONÇA BORGES, MARCO TULLYO Mendes Mariano, ANTONIO CARLOS DOS SANTOS, Larissa Grazielle Souza Ribeiro, José Eduardo Thomaz, Larissa Batista, Ursula Thomé, Ana Paula Andrade Hamad, Américo Ceiki Sakamoto