Dados do Trabalho


Título

Diagnóstico tardio de má rotação intestinal: relato de caso

Introdução

A má rotação intestinal caracteriza-se por defeitos nas etapas de herniação, rotação e fixação do intestino fetal durante o desenvolvimento embrionário, que pode ser incompleta ou total. É uma anomalia congênita com incidência estimada de 1:200 a 1:6.000 nascidos vivos e diagnosticada, em 90% dos casos, no primeiro ano de vida. Em 30 a 60% dos casos, está associada a outras malformações, como defeitos da parede abdominal e do diafragma. Em adultos, a patologia é rara, com incidência avaliada de 0,2%, sendo que até 15% dos pacientes seguem assintomáticos por toda a vida. Indivíduos sintomáticos podem apresentar obstrução aguda ou episódios de dor abdominal e vômitos decorrentes de obstrução intermitente. É imprescindível utilizar ferramentas radiológicas efetivas para diagnosticá-la, pois sua ocorrência provoca variações anatômicas relevantes ao raciocínio de diagnósticos diferenciais de abdome agudo.

Descrição

Paciente masculino, 60 anos, realizou primeiramente tomografia computadorizada com contraste para investigação etiológica de dor epigástrica refratária ao tratamento clínico. Neste exame identificou-se cólon localizado predominantemente à esquerda da linha média e as alças de intestino delgado à direita. Também notou-se inversão da disposição habitual da artéria e da veia mesentérica superior e apêndice cecal em fossa ilíaca esquerda, ambos achados sugestivos de má rotação intestinal. Posteriormente realizou-se radiografia contrastada de esôfago-estômago-duodeno (REED), a qual confirmou a localização anormal das alças intestinais e a suspeita diagnóstica.

Discussão

A má rotação intestinal no adulto manifesta-se por abdome agudo obstrutivo, dor abdominal crônica e obstrução intermitente ou clínica atípica de quadro abdominal comum. A tomografia computadorizada de abdome com contraste permite a boa avaliação das alças intestinais e de sua vascularização. Por meio dela pode-se observar alterações típicas da malformação, como a veia mesentérica superior localizada à direita da artéria mesentérica superior e o apêndice cecal em fossa ilíaca esquerda. No entanto, o exame de escolha para o diagnóstico em pacientes assintomáticos é a REED, a qual demonstra o ângulo de Treitz ou todo o intestino delgado posicionados à direita da coluna vertebral. Nota-se que sua identificação é crucial para o diagnóstico célere de patologias agudas abdominais de apresentação incomum nesses pacientes, como a apendicite aguda. O manejo cirúrgico em pacientes assintomáticos ainda é controverso.

Palavras Chave

Radiografia contrastada, tomografia computadorizada, abdome, intestino, má rotação.

Área

Abdominal Gastrointestinal

Autores

Lucieli Dutra Jaques, Milene da Silva Antunes, Giordano Rafael Tronco Alves, Luca Gonçalo Santos