Dados do Trabalho


Título

Actinomicose pélvica

Introdução

A actinomicose pélvica é uma doença rara, respondendo por apenas 3% dos casos de infecção por Actnomyces sp. O curso clínico é indolente, os sintomas são inespecíficos e os achados de imagens podem sugerir malignidade, tornando o diagnóstico um desafio.
Relatamos um caso de uma paciente feminina, 37 anos, com quadro de dor abdominal, picos febris e perda ponderal de 5 kg nos últimos 30 dias. Previamente hígida, usuária de dispositivo intrauterino (DIU) de cobre há 10 anos.

Descrição

Ao exame físico, palpavam-se massas no abdome inferior. A pelve era congelada ao toque vaginal, com abaulamento do fundo de saco posterior. Os exames laboratoriais apresentavam leucocitose, anemia microcítica hipocrômica e proteína C reativa elevada, sem outras alterações dignas de nota.
Prosseguiu-se a investigação através de tomografia computadorizada do abdômen com contraste, identificando-se lesões expansivas sólido-císticas heterogêneas, algumas de aspecto infiltrativo, nas regiões anexiais, no fundo de saco posterior, no espaço vesicouterino, na topografia do ligamento redondo esquerdo e lesão na parede pélvica anterior à esquerda. Os ureteres distais não apresentavam plano de clivagem com as alterações anexiais, observando-se moderada dilatação pielocalicinal bilateralmente a montante. Notavam-se também linfonodos com alteração morfológica nas cadeias ilíacas externas e ilíacas comuns bilateralmente, e retroperitoneais no abdome superior.
A ressonância magnética de abdome e pelve com contraste confirmou os achados da tomografia, com lesões predominantemente anexiais e peritoneais sólido-císticas, com componente líquido de alto sinal T2 e baixo sinal T1, e componente sólido de sinal intermediário em T1 e baixo sinal T2, com restrição à difusão da água.

Discussão

A biópsia de uma das massas pélvicas demonstrou a presença focal de colônias de agentes microbianos compatíveis com Actinomyces sp, sugerindo o diagnóstico de actinomicose pélvica.
Estima-se que em apenas 10% dos casos o diagnóstico de actinomicose pélvica seja realizado no pré-operatório pois, na maioria dos casos, a primeira suspeita clínica é a de neoplasia. Dessa maneira, faz-se necessário um alto grau de suspeição, devendo-se inclui-la no diagnóstico diferencial de pacientes com lesões pélvicas infiltrativas usuárias de DIU e com exames laboratoriais indicando processo inflamatório / infeccioso.

Palavras Chave

actinomicose pélvica; actinomicose abdominal; doença inflamatória pélvica; dispositivo intra-uterino; neoplasia ginecológica.

Área

Abdominal Geniturinário

Autores

TÁSSIA ANDREA DURÃES PRIOSTE, FLÁVIA DA COSTA SCHAEFER, HENRIQUE PAVAN, MARIANA MENDES KNABBEN, MATEUS TORRES AVELAR DE LIMA, RICARDO HENRIQUE BILYCZ CORRÊA, VITOR RIBAS PEREIRA, CAROLINE LORENZONI ALMEIDA GHEZZI