Dados do Trabalho


Título

Linfoma Não Hodgkin primário renal simulando carcinoma urotelial: um pitfall que deve ser lembrado

Introdução

O Linfoma Não Hodgkin é o 7° câncer mais comum nos EUA, pode envolver qualquer órgão extranodal, embora o acometimento do trato geniturinário represente <5% de todos os sítios extranodais primários. Assim, o linfoma renal primário (LRP) pode ser considerado raro, e o envolvimento ureteral pelo linfoma mimetizando um carcinoma urotelial do trato superior (CUTS), ainda mais raro.
Apesar de infrequente, é importante estar ciente da dificuldade de distinguir essas duas entidades (LRP e CUTS), e levar em conta a possibilidade do surgimento do linfoma no trato genitourinário, pois neoplasias linfoides não são tipicamente tratadas cirurgicamente, e sim por quimioterapia.

Descrição

Paciente do gênero masculino, 57 anos de idade, com queixa de dor no flanco direito há 2 dias, sem hematúria. Realizada Tomografia Computadorizada de abdome e pelve e Ressonância Magnética, ambos com contraste endovenoso. Tais exames evidenciaram formação tecidual expansiva, alongada, de aspecto nodulariforme na pelve renal direita, associada a espessamento urotelial do sistema coletor, estendendo-se do seio renal ao terço médio do ureter, determinando dilatação pielocalicinal e retardo na concentração do meio de contraste pelo rim direito. Inicialmente, foi considerada principal hipótese diagnóstica de neoplasia primária urotelial.
O paciente foi submetido a cirurgia com retirada de parte de lesão, cuja análise histológica resultou em Linfoma Não Hodgkin de Grandes células B (LNHGCB). Após 6 meses, o paciente retornou para realizar nova RM de controle, onde foi visto aumento volumétrico daquela formação infiltrativa centrada pelve renal.
Por fim, o paciente retornou novamente para realizar RM para avaliação pós 4 ciclos de quimioterapia, evidenciando-se então resolução completa daquela lesão na pelve renal direita.

Discussão

O LRP é mais comum em homens de meia-idade, podendo se manifestar como massa solitária/múltipla, e se estender por contiguidade/infiltração difusa/envolvimento perirrenal. Os sintomas incluem dor abdominal, hematúria e obstrução urinária, e a histologia mais comum é o LHNGCB. Na imagem, o LRP pode ser indistinguível do carcinoma urotelial, embora existam achados que sugiram o diagnóstico. O LRP geralmente aparece como uma massa hipervascularizada com realce mínimo e homogêneo pós contraste, com seio ou hilo diretamente infiltrado por uma massa volumosa ou infiltração retroperitoneal difusa. Apesar dos achados descritos acima, a biópsia é sempre necessária para confirmar o diagnóstico.

Palavras Chave

Linfoma Não Hodgkin, linfoma renal, carcinoma urotelial, trato genitourinário superior, tumor.

Área

Abdominal Geniturinário

Autores

Bruna Kozlowski Andreucci, Jarbas Araujo Ferreira de Almeida, Karen Tieme Kitamura, Amanda Martins Evangelista Ribeiro, Guilherme Augusto de Almeida, Danilo Pachani, Thais Coura Figueiredo Agostini, Marcos Vinicius Alvim Soares Maia