Dados do Trabalho


Título

Fístula carotídeo-cavernosa tardia secundária ao trauma cranioencefálico: um relato de caso.

Introdução

Fístulas carotídeo-cavernosa (FCC) são comunicações anormais entre a artéria carótida interna (ACI) e o seio cavernoso (SC) que provocam um shunt com desvio do fluxo sanguíneo arterial para o SC. Ocorre uma reversão do fluxo sanguíneo das veias tributárias do SC, assim como o seu aumento nas vias para sua drenagem, causando uma variedade de sintomas devido às inúmeras veias que se comunicam com o mesmo. Aproximadamente 75% de todas as FCCs são causadas por traumas, enquanto 25% desenvolvem-se espontaneamente. Uma fístula traumática aparece após algumas semanas a um trauma com sinais e sintomas relacionados com o aumento da pressão venosa transmitida através da veia oftálmica.

Descrição

Paciente masculino, 19 anos, relatou acidente automobilístico há cerca de 1 ano, com trauma cranioencefálico. Há um mês, evoluiu com cefaleia à direita em aperto de forte intensidade diariamente, baixa acuidade visual súbita no olho esquerdo e proptose no olho direito associada a secreção ocular. Ao exame físico, o olho direito apresentava proptose, restrição motilidade ocular difusa, aumento tortuosidade vascular difusa, ingurgitamento vascular, hemorragias em ponto e borrão media periferia. O olho esquerdo apresentava disco pálido, redução do brilho macular e reflexo pupilar lentificado. Por meio da tomografia computadorizada de crânio e órbitas, evidenciou-se uma dilatação do seio cavernoso associada ao aumento do calibre e tortuosidade do trajeto das veias oftálmicas superiores bilaterais e inferior à esquerda, determinando a proptose ocular bilateral. Concluiu-se, portanto, a existência de uma fístula carotídeo-cavernosa. Posteriormente, foi realizado arteriografia e a embolização parcial de pseudoaneurisma da artéria carótida interna esquerda, com resultado angiográfico satisfatório.

Discussão

FCC traumáticas são complicações raras do trauma. De acordo com a literatura, os sinais e sintomas mais frequentes são exoftalmia pulsátil, sopros orbitários, hiposfagma conjuntival, oftalmoplegia, dor ocular, e diminuição da acuidade visual. No caso relatado, os sinais e sintomas somente foram evidenciados um ano após o evento, caracterizados pela hiposfagma, limitação dos movimentos oculares, dor ocular, exoftalmia e sopro orbital. O tratamento é feito com a oclusão por balão transarterial, que foi a escolha para o caso relatado. Embora seja um caso relativamente comum, é um tema importante devido a sua gravidade. Por isso, o diagnóstico e tratamento devem ser realizados o mais precoce possível.

Palavras Chave

fístula carotídeo-cavernosa, artéria carótida interna, seio cavernoso, exoftalmia, cefalia.

Área

Neurorradiologia

Autores

Jhua de Oliveira Ferreira, Tiago Paes Gomide, Lucas Gomes Pinho, Paula Ribeiro Britto Borges, Jamylle Miranda Mesquita, Gabriella Viana Fonseca, Izabella Torres de Melo, Raissa Lobo Ladeira, Maria Aparecida Taynara de Abreu Furquim