Dados do Trabalho


Título

Disrafismo Espinhal Oculto: papel da ultrassonografia do canal medular

Introdução

Devido à alta incidência de estigmas sacrais na população neonatal (cerca de 2,2 a 7,2% dos neonatos) e a baixa incidência de alterações que justificam a realização de procedimentos neurocirúrgicos (cerca de 1% dos neonatos com estigmas sacrais), a ultrassonografia apresenta um papel muito importante no rastreamento de disrafismo espinhal oculto e na seleção dos casos que realmente necessitam realizar ressonância magnética. O objetivo desta apresentação é mostrar um caso de disrafismo espinhal oculto diagnosticado pela ultrassonografia do canal medular.

Descrição

Trata-se de lactente do sexo feminino, com 7 meses de vida, que apresentou um episódio de ITU, sendo encaminhada ao nefrologista pediátrico que observou uma assimetria da prega glútea e solicitou US do canal medular para pesquisar disrafismo espinhal oculto. A US mostrou cone medular um pouco alongado, bem posicionado, terminando na altura de L2. O filamento terminal apresentava ecogenicidade e espessura aumentadas, medindo cerca de 3mm. Na porção mais distal do filamento terminal o espessamento era maior, sugerindo lipoma. Na área de assimetria da prega glútea, notou-se fino trajeto hipoecogênico no tecido subcutâneo a partir de S4-S5 em direção a pele, onde havia uma discreta fosseta sacral, sem sinais de comunicação com o meio externo. Foi realizada RM que confirmou os achados da US. A criança foi submetida à secção do filamento terminal lipomatoso e evoluiu muito bem após o procedimento.

Discussão

A US é um método de rastreamento não invasivo, que permite avaliar com segurança o canal medular até os 6 meses de idade e selecionar os casos com indicação de RM. A RM é o método de diagnóstico por imagem padrão-ouro para o diagnóstico de disrafismo espinhal oculto. A US do canal medular está indicada nos casos de fosseta sacral atípica, assimetria da prega glútea ou quando há 2 estigmas cutâneos associados. A presença de alteração à US justifica a complementação com a RM para confirmação diagnóstica e planejamento do procedimento neurocirúrgico. A incidência de estigmas sacrais na população neonatal é alta. Entretanto, os casos que apresentam disrafismo espinhal oculto com indicação de procedimentos neurocirúrgicos são poucos. Por isso, o uso criterioso dos métodos de diagnóstico é fundamental para evitar as complicações da síndrome da medula presa e o desgaste emocional da família com investigações mais invasivas em casos desnecessários.

Palavras Chave

Síndrome da Medula Presa; Defeitos do tubo neural; Filamento Terminal; Pediatria; Ultrassonografia

Área

Pediatria (incluindo USG pediátrico)

Instituições

Clínica Tereza Filgueiras - Minas Gerais - Brasil

Autores

Jesiana Ferreira Pedrosa, Júlio Guerra Domingues, Jovita Lane Soares Santos Zanini, Maria Francisca Tereza Freire Filgueiras