Dados do Trabalho


Título

ACHADOS RADIOLÓGICOS DAS COMPLICAÇÕES NO TRATO GASTROINTESTINAL POR PARACOCCIDIODOMICOSE EM CRIANÇA IMUNOCOMPETENTE: RELATO DE CASO

Introdução

A Paracoccidiodomicose é uma micose sistêmica que tem como agente etiológico o fungo Paracoccidiodes brasiliensis e foi descrita por Adolfo Lutz em 1908. Os fungos podem ser inalados no trato respiratório superior e pode acometer qualquer órgão. Em raros casos, essa doença pode simular uma neoplasia e o colangiocarninoma é considerado um diagnóstico diferencial, sobretudo em pessoas oriundas de áreas endêmicas. O objetivo é apresentar um caso da forma aguda em uma criança que evoluiu com complicações abdominais.

Descrição

Paciente J.D.S., sexo masculino, escolar, 6 anos, oriundo do interior do estado do Rio de Janeiro, previamente hígico, com história de internação prévia em outras instituições onde foi realizada biópsia de linfonodomegalia, diagnosticado com paracocco e iniciado o tratamento. Após meses, o menor da entrada neste hospital devido a recaída da infecção por paracocco e apresentando ascite e derrame pleural. Ao exame físico, hipocorado, ictérico, apresentando murmúrio vesicular diminuído em bases pulmonares, sobretudo à esquerda e crepitações difusa. Hepatomegalia e esplenomegalia palpáveis.
A ultrassonografia mostra formação cística de paredes espessadas no segmento III do fígado, sugerindo abscesso e formações hipoecoicas contíguas que podem representar um diferente estágio do processo. Conglomerados linfonodais no pâncreas e hilo hepático. Dilatação das vias biliares intra e extra-hepáticas.
A tomografia computadorizada evidencia múltiplas linfonodomegalias confluentes no retroperitôneo perivascular e ao longo da cadeia celíaca, se estendendo ao hilo hepático, onde forma conglomerado que determina obstrução do colédoco, com consequente dilatação das vias biliares intra-hepáticas a montante. Há, ainda, imagem de aspecto cístico no segmento II do fígado em aparente contiguidade com o ducto biliar.

Discussão

Paracoccidiodomicose é a principal causa de micose sistêmica no Brasil, apresenta alto potencial incapacitante e pode provocar mortes.
As formas de apresentação são subaguda ou crônica e o diagnóstico é feito através dos achados clínicos, epidemiológico, radiológico e imunológico. Os médicos devem estar preparados para reconhecer essa doença e o exame clínico e físico do paciente é de suma importância para identificar a forma da doença.
O tratamento é ambulatorial com sulfametoxazol e trimetropim e nas formas graves, os pacientes necessitam de internação hospitalar e o tratamento instituído deve ser anfotericina B ou SMZ+TMP por via venosa.

Palavras Chave

Paracoccidiodomicose, Tomografia computadorizada, Ultrassonografia, Trato Gastro-Intestinal, Complicações.

Área

Abdominal Gastrointestinal

Autores

Beatriz Curty Serrão, Paulo Ramires Santos de Almeida, Leonardo Araujo Marques, Flavia Mattos Silva dos Santos