Dados do Trabalho


Título

Ressonância Magnética na Esquistossomose Cerebelar: Relato de Caso

Introdução

Endêmica em países tropicais, a esquistossomose é causada por vermes do gênero Schistosoma. Seu acometimento é sistêmico, afetando principalmente fígado e intestino. Infelizmente, há três espécies capazes de invadir o sistema nervoso central (SNC): S. haematobium, S. japonicum e S. mansoni, que se distribuem, respectivamente, entre regiões da África, Asia e América do Sul.
Segundo a OMS, mais de 700 milhões de pessoas vivem em áreas endêmicas e aproximadamente 258 milhões foram infectados no ano de 2014. Apesar desses números, são raros os casos de neuroimagem com envolvimento cerebelar pelo parasita. Estima-se que o presente relato seja o quinto na literatura a demonstrar esse envolvimento causado pelo S. mansoni por meio da ressonância magnética (RM).

Descrição

Homem de 21 anos, com cefaleia há 60 dias, apresentou nistagmo e ataxia ao exame físico. Sua primeira RM de crânio mostrou edema de substância cerebelar branca direita com efeito expansivo. Após a injeção de gadolínio, observou-se realce leptomeníngeo micronodular no sulco do vermis e hemisfério cerebelar direito. O aspecto radiológico considerou neurossarcoidose, necessitando de investigação adicional.

O estudo histopatológico evidenciou granulomas epitelióides, ovos viáveis e degenerados de Schistosoma mansoni, coexistindo infiltrado inflamatório linfoplasmocitário, fechando o diagnostico como cerebelite esquistossomótica granulomatosa. Após 6 meses de tratamento, foi realizada nova RM de crânio, observando redução do edema, ausência de realce meníngeo pós-contraste e permanecendo apenas hipotrofia e gliose do hemisfério e pedúnculo cerebelar direitos.

Discussão

Estima-se que até 30% dos infectados pelo S. mansoni podem apresentar lesão do SNC. No entanto, detalhes exatos sobre o envolvimento cerebelar são escassos, supostamente justificados pela baixa suspeição diagnóstica. Reconhecer um padrão de imagem como esse pode ajudar a potencializar o diagnóstico, direcionar o tratamento e evitar cirurgias desnecessárias.
Considerando o grande número de infectados e para que outros casos não passem despercebidos, é necessário divulgar essa forma de acometimento e inseri-la como diagnóstico diferencial nas etiologias com manifestações cerebelares, seja em regiões endêmicas ou onde há importação de casos.

Palavras Chave

neuroesquistossomose, cerebelo, Schistosoma mansoni, ressonância magnética, parasitose

Área

Neurorradiologia

Autores

Marina Mendes Fick, Iandra Barbosa Pacheco, Viviana Loureiro, Higor Siqueira Honorato, Sebastião Amir Abrão El-Hadj, Samuel Alves Costa Pereira