Dados do Trabalho


Título

Osteocondroma com apresentação atípica: achados radiológicos na diferenciação com degeneração maligna

Introdução

Osteocondromas são os tumores ósseos benignos mais comuns e representam cerca de 10-15% de todos os tumores ósseos. Apesar de pouco frequente, os osteocondromas podem sofrer transformação maligna para condrossarcomas.
A diferenciação radiológica entre osteocondromas e degeneração para condrossarcomas é muitas vezes desafiadora, sendo necessário que o radiologista conheça os achados de imagem que estão associados à maior suspeição de malignidade.

Descrição

Paciente do sexo masculino, 12 anos de idade, apresenta lesão óssea em membro superior esquerdo há 4 anos, evoluindo com crescimento há 5 meses. Realizou radiografia do braço esquerdo, que demonstrou lesão óssea pediculada na região diafisária proximal / média do úmero, sugestiva de osteocondroma.
Cerca de 3 anos após, iniciou com quadro álgico e realizou nova radiografia de controle, demonstrando surgimento de áreas de esclerose no interior da lesão óssea. Foi submetido à ressonância magnética do braço esquerdo por suspeita de degeneração maligna.
Paciente foi submetido à ressecção cirúrgica da lesão, com diagnóstico anatomopatológico confirmado de osteocondroma, sem sinais de malignidade.

Discussão

Osteocondromas são tumores ósseos benignos caracterizados por projeções ósseas cobertas por uma capa cartilaginosa. Acometem geralmente indivíduos antes dos 20 anos de idade, com uma predileção pelo sexo masculino (3:1), e frequentemente se localizam na metáfise de ossos longos.
Osteocondromas solitários esporádicos podem evoluir para degeneração maligna em aproximadamente 1% dos casos, enquanto a exostose hereditária múltipla apresenta um risco de 2-5%.
Sinais que devem levar à suspeição de transformação sarcomatosa de osteocondroma incluem crescimento lesional após maturidade óssea, quadro álgico em pacientes previamente assintomáticos, presença de componente de partes moles associado, destruição da cortical óssea, espessamento da capa cartilaginosa e alteração no padrão de calcificações (aspecto em “tempestade de neve”).
A degeneração maligna ocorre na capa cartilaginosa do tumor, sendo a medida da espessura da mesma um dos principais sinais radiológicos para a diferenciação de osteocondroma e condrossarcoma. A ressonância magnética é o método de escolha para avaliação, sendo que uma espessura maior que 1-3 cm deve levar à suspeição de malignidade, com uma maior associação anatomopatológica com condrossarcoma em casos com espessura acima de 2 cm.

Palavras Chave

Osteocondroma; Condrossarcoma; Neoplasia óssea; Ressonância magnética; Radiografia.

Área

Musculoesquelético (incluindo USG)

Autores

Renata Cristina Müller, Bruna Maria Stofela Sarolli, Beatriz Benetti, Marília da Cruz Fagundes, Eduardo Ramos Sampaio, Alexandre do Nascimento, Marcio Fernando Aparecido de Moura, João Pedro Motter Rankel, Bruno Granja Marcos