Dados do Trabalho


Título

Relato de caso: cirrose hepática com desenvolvimento de circulação colateral transdiafragmática e trombose subaguda da veia porta

Introdução

A Cirrose hepática é a sequela patológica de todas as doenças hepáticas crônicas, sendo suas causas mais comuns o Álcool, a Doença Hepática gordurosa não alcoólica e as Hepatites Virais. Causas consideradas menos comuns são Hemocromatose, Doença de Wilson e Deficiência de alfa-1-antitripsina.
O aparecimento de circulação colateral surge como consequência de hipertensão no sistema porta, tendo como mecanismo a reabertura de vasos embrionários colapsados ou fluxo reverso em veias existentes no adulto. Os principais tipos de circulação colateral são esofágica, gástrica, perirretal e paraumbilical.
Este caso será usado para apresentar e discutir a formação de um tipo incomum de circulação colateral, caracterizada como pleuropericárdica-peritoneal transdiafragmática.

Descrição

Paciente de 70 anos, masculino, diabético e etilista de longa data (abstêmio há 6 anos), com quadro prévio de cirrose hepática de etiologia alcoólica / esteato-hepatite não alcoólica (NASH) em fila para transplante hepático. Em exame de tomografia de abdome ambulatorial realizada em 23/02/2022 foi identificada trombose de veia porta, associada a transformação cavernomatosa no hilo hepático e intrahepáticas com formação de vasos colaterais pericoledococianos. Também foram identificados vasos colaterais mesentéricos com trajeto ascendente pelo diafragma à direita e drenagem transpleural junto ao lobo pulmonar inferior direito, além de colaterais periesofágicos, perigástricos, periesofágicos, periesplênicos e perirretais de médio calibre, com veia paraumbilical recanalizada.

Discussão

Os principais tipos de circulação colateral são formados através dos seguintes vasos: Veia paraumbilical, veia gástrica esquerda e gástricas curtas, veia mesentérica inferior e shunt esplenorrenal.
Alguns tipos de circulações colaterais raras têm sido relatadas, como, por exemplo, shunt espleno-ázigos, veias esplênicas para as veias pulmonares/veias diafragmáticas e shunt pleupericárdico-peritoneal.
O shunt pleupericárdico-peritoneal se forma através de um plexo colateral frouxo sobre a superfície hepática que perfura o diafragma, comunicando-se com as veias pericárdicas, pleurais e pulmonares. Esse plexo é descrito como parte do sistema portal acessório de Sappey (1883), que é composto pelas veias do ligamento redondo, veias dos ligamentos suspensores do fígado (Triangulares, falciforme e coronário) e veias nutrícias do sistema porta.

Palavras Chave

Cirrose hepática; hipertensão portal; circulação colateral; shunt pleupericárdico-peritoneal; trombose de veia porta

Área

Tórax

Autores

Lucas Gabriel Annechini Marques, Eduardo Kaiser Ururahy Nunes Fonseca, Ricardo Mazzetti Guerrini